“Clássico é clássico e vice-versa.”
“Clássico não tem favorito.”
“Clássico é jogo diferente.”
“Clássicos são sempre bons jogos.”
Verdades, dúvidas e mentiras. A primeira frase é emblemática, marcante. Mostra um pouco do que é um clássico.
Porém, clássicos têm favoritos, apesar de isso normalmente não se refletir em campo.
Clássico geralmente é eletrizante, emocionante. Pois é. E a última, bem, esta é uma mentira declarada e assinada.
Temos um exemplo de clássico comum: o Choque-Rei de hoje, tome este. Jogo morno, sem sal, mas com duelos táticos interessantes. Adilson “inventou” e foi de 3-5-2, com desdobramento em 3-4-1-2. João Filipe entrou na zaga para combater o problema mais que óbvio da proteção, numa tentativa de estabilizar o setor da defesa e da parte dos volantes. Estes – Wellington e Carlinhos Paraíba – não possuem as características que identificam um primeiro-volante.
O Palmeiras, por sua vez, tinha em campo um 4-3-2-1 mais que interessante. Era defensivo, mas inteligente. Era pouquíssimo criativo, mas muito marcador. Para entender, temos alguns confrontos tomados como base:
Juan x Cicinho – Piris x Luan – Rivaldo x Chico (ou outro volante)
Juan foi péssimo no apoio e peca muito quando é exigido ao limite de sua qualidade em relação à marcação. Cicinho o prendeu até o fim da primeira etapa. Na outra ala, Piris e Luan duelaram para saber quem era mais consistente no apoio e na marcação. No final, quem saiu vitorioso foi o palmeirense. Rivaldo venceu o duelo em alguns momentos, mas o tripé de volantes da equipe alviverde – Chico, Márcio Araújo e Marcos Assunção – foi mais forte no geral.
Sem apoio qualificado no decorrer do jogo, a equipe do São Paulo teve de recorrer à centralização do jogo, com Rivaldo no centro da articulação. Tudo errado.
No final, o mais sensato seria recorrer ao 4-3-1-2 – pelo menos para mim. Com os volantes dando suporte à criação e atuando como apoiadores, o resultado poderia ter sido diferente. O problema seria a proteção da zaga, sabendo da ausência de um primeiro-volante e também que Denílson estava machucado.
O Palmeiras pode ficar feliz. Até pelo fato de ter empatado com uma equipe com maior limite técnico e ainda por ser fora de casa. A proposta de Felipão, mesmo com a mudança no segundo tempo para 4-2-3-1 com mais ofensividade, foi sempre manter um time postado de forma mais contundente e segura em campo. Quando Maikon Leite entrou na partida, o técnico quis segurar mais Cicinho para conter avanços de Dagoberto e Fernandinho pelo setor, mas, ainda assim, o ala tricolor fez um jogo deprimente. Juan, notoriamente, precisa de uma cobertura qualificada para a marcação. Neste caso, o primeiro-volante seria fundamental. Mas a equipe de Adilson não possui um destes.
No mais, um jogo morno e inconvincente, configurando justamente o limite criativo e técnico do Palmeiras e a incompetência em ganhar pontos em casa do São Paulo.
Pois é, mais um fair play ao líder Corinthians, que também fez um jogo limitado e sucumbiu ao perder do Figueirense, sábado, no Pacaembu.
Por: Felipe Saturnino