Archive for ‘Chile’

07/10/2011

Messi, Di María e Higuaín. E basta.

A Argentina de Alejandro Sabella não poderia ter começado melhor o torneio que concede vagas ao mundial de 2014, aqui no Brasil.

O técnico ex-Estudiantes, campeão da Libertadores-2009 e atual técnico dos albicelestes fez a equipe que jogou em função de Messi dar um absoluto show na partida diante o Chile.
Mas a equipe que funciona por Messi também funcionou por causa de Di María. E por Higuaín.

Sabella, formando o esquadrão argentino no 4-2-3-1, – quem nunca o usou é demodé – fez o trio que está dividido entre Barcelona e Real Madrid jogar fantasticamente contra um Chile, é bom citar, muito desorganizado e confuso.

O trio decisivo

Di María foi o meia extremo esquerdo – como faz no Madrid de Mourinho. Higuaín foi o avante. Messi foi o maestro – fazia o que bem entendia no meio-campo. O Chile, no 3-5-2, com desdobramento tático em 3-2-3-2, teve Isla e Carmona como atuantes da primeira linha. O resultado foi a destruição do setor.

Primeiro: Messi, jogando na posição do 10, era cercado por um dos volantes. A indefinição entre o ala/meia da Udinese e o volante natural da posição – Carmona – fez com que Lionel brilhasse em campo. O espaço que ele tinha era grande. Muito grande.

Segundo: Matías Fernández, Valdívia e Beausejour compunham a segunda linha, dos três armadores. O primeiro recompunha o setor direito, porém, Di María teria de ser encontrado por Isla no lado do campo, pois Borghi queria fazer o madridista marcar Matías Fernández, e também exigiu que Isla marcasse Di María. Outra indefinição. Matías pouco criou, pouco auxiliou na marcação a Di María, e, em 20 minutos, a Argentina havia marcado duas vezes.

Terceiro: Beausejour, bom meia que joga como ala na seleção chilena, hoje, fez uma atuação fraquíssima. A chave do setor foi José Sosa, recompondo e auxiliando Zabaleta no lado direito argentino. O número 8 pouco criou, mas pouco foi exigido. Messi e Di María trucidavam o meio-campo com Higuaín anotando seus tentos.

Para início, os pontos destacados são importantes. A Argentina foi segura no meio-campo, com exceção às constantes indefinições também dadas aos cercos de Banega ao meia Valdívia. Braña ficava na sobra, mas a Argentina perdia um homem ao atacar. Nem precisou, de fato.

A defesa preocupou. Burdisso e Otamendi não são técnicos, mas não são péssimos. Porém, quando se trata de bola aérea, a Argentina é pecadora. Das grandes. O gol do Chile se origina de uma jogada assim, acabada na conclusão de Suazo, que marcou para o Chile.

O fato que desequilibrou foi o conjunto Messi-Di María-Higuaín. Criando, marcando, anotando gols. Assim, a Argentina de Sabella começa a caminhada para 2014 melhor do que o esperado. 4 a 1 e domínio, tático e técnico. Belo espetáculo para uma primeira rodada de eliminatórias.

Por: Felipe Saturnino

06/10/2011

Os desafios de Sabella

Sabella - desafiado

A seleção argentina passará pelo primeiro teste, direcionando a equipe para a Copa-2014. Mas o momento é difícil.

É muito mais difícil do que não ganhar a Copa do Mundo há 25 anos. Muito mais. É também uma sequência de apatia dos técnicos, que se equivocam. E não importa culpar sempre o craque Messi.

No Mundial do ano passado, por exemplo, Maradona, ídolo maior do país, optou por “alguns questionamentos”. Armou a equipe da forma que quis, e, por predomínio tático, os alemães trituraram um meio-campo pouco combativo. Schweinsteiger jogou muito – como sempre – e Klose foi decisivo – novamente. Vitória dos alemães por 4 a 0. Com crueldade.

Na Copa América, um teste para Batista seguir seu trabalho. Falha. O técnico optou por dar a Lionel Messi uma posição de articulador, o que o faz ser algo que não é. A opção por dois volantes que qualificam a saída de forma mais limitada – Cambiasso e Banega – deu a Messi a responsabilidade de “pensar” o jogo dos argentinos. E com um primeiro jogo difícil diante a Bolívia, os argentinos, estreando no torneio, jogando no 4-3-3, criaram pouco, triangularam pouco, utilizaram pouco seus flancos e depositaram em Messi a função central do time. Sem válvulas. A primeira vitória veio na última rodada, e a campanha bem abaixo dos limites concedeu ao time de Sergio Batista o desafio de enfrentar o Uruguai. Vitória nos penais do time de Tábarez.

Sabella optou por voltar com Demichelis e Gutiérrez. Ambos da era Maradona. O desafio, porém, vai ser montar um time que reúna o equilíbrio partindo de seus dois jogadores do meio-campo defensivo, seguindo até a função dos mais ofensivos e, enfim, chegando na posição de Messi.

Alejandro – permita-me chamar Sabella assim – convocou com variedade.

Se ele for de 4-3-3, pode usar um meio-campo com Mascherano, Banega e Pastore. Porém, é pouco provável – sabemos da deficiência do trio em recompor e em ser combativo.

O 4-2-3-1 – esquema da moda – pode predominar, mas de uma forma distinta. Não tendo Messi por trás do atacante, sendo o meia central, mas fazendo-o jogar, de fato, na posição do falso-nove – como no Barça. A combinação do meio-campo/ataque seria Mascherano-Banega-Pastore-Di María-Gaitán-Messi – sabendo que Agüero sofreu uma contratura muscular e não joga.

O possível 4-2-3-1 de Sabella

O equilíbrio, neste caso, existiria. Javier Pastore joga bem no PSG, e pode ser o meia central que a Argentina precisa. Di María e Gaitán poderiam recompor. Mas o meia do time do Benfica é mais hipotético na questão.

Sabella tem variedade no banco: Higuaín, Gaitán – meia no Benfica – e Álvarez, da Inter de Milão. O avante do Real Madrid também pode ser utilizado – se Sabella pensar num possível 4-2-3-1 com Messi fazendo a meia central.

Como os outros não o fizeram, Sabella terá que, obrigatoriamente, encontrar o equilíbrio entre meio-campo e ataque. Tanto defensivamente – como não ocorreu na era Maradona – e ofensivamente – como não ocorreu no período Sergio Batista. O desafio é grande e intimida. Porém, se cogita um time que aspire confiança, Alejandro Sabella passará por isso e por pior.

Por: Felipe Saturnino

12/07/2011

Copa América XIII – Chile 1 x 0 Peru: Merecimento e justiça

Assuntos diferentes, coisas diferentes. Merecer é uma coisa, outra é fazer justiça.

Todo time que vence, de uma forma, merece. Por pouco errar, por acertar mais que o adversário, por ser mais oportuno, por ser mais inteligente taticamente e se aproveitar dos erros de seu rival.

Fazer justiça, porém, é um assunto distinto. Justiça é algo que deveria, com alguma razão, acontecer.

O merecimento, então, de uma forma, atua, ao menos no futebol, sobre a justiça. O Chile venceu e mereceu, mas o empate seria mais justo.

E pouco importou para o time chileno. A equipe saiu com uma ótima imagem da fase de grupos, jogando um futebol de boa qualidade, com consistência, responsabilidade, e alguma consciência – coisas que prezo em times que analiso.
Borghi foi de 3-4-1-2, com um engache avançado diferente: Jiménez. Este se responsabilizava por fazer a bola transitar com cuidado pelo meio-de-campo. Porém, as saídas mais perigosas não aconteciam com ele, e sim com Beausejour, winger esquerdo do Chile. O técnico chileno ainda optou por um meio-de-campo com uma contenção de jogo maior, desprezando saídas periféricas – refiro-me a Fierro, que pouco apoiou hoje. Aliás, Fierro não é de fazer isso, mesmo. Enquanto isso, o Peru jogava com praticamente 5 jogadores defensivos. Ramos, Acasiete, Revoredo, Carmona e Corzo. Um time com pouca saída de laterais – Carmona apoiou por um lado, deixando brechas para Beausejour, e Corzo, pela esquerda, limitou-se apenas a marcar. Lembro-me de uma (UMA!) subida de Corzo no jogo inteiro.
Diante isso, os peruanos, pobres em apoio, tinham que apostar no meio-de-campo – mesmo sabendo que o Chile era mais time. González, Guevara e Ballón aproximavam-se de Chiroque e Ruidíaz pela frente. Falando nisso, o problema chileno está no lado esquerdo, onde se deixa muito espaço por Beausejour. O primeiro tempo foi bom, e só. O segundo melhorou pelas expulsões – o próprio dito Beausejour e Carmona, que travavam um duelo pelo lado esquerdo chileno, direito peruano. Não foi por isso que deixaram a peleja, e sim por terem se batido em um lance parado – oras, haviam tantas chances de isso ocorrer com a bola rolando. Assim sendo, os tempos mudaram. Valdívia entrou para ajudar o meio-de-campo construir um gol, que livraria o Chile da Argentina. Por conseguinte, naturalmente, o Chile terminou o jogo com Carmona e Medel pelo meio-de-campo, ao lado de Valdívia e Jiménez. Alexis Sánchez também entrou, fazendo o lado direto, aproximando-se de Suazo. A equipe terminou em algo do tipo como 3-2-2-2. O Peru se manteve mais conservador, mas mesmo assim teve as chances de vencer o jogo – acredite. Baseando-se em três zagueiro perdendo o lateral, a tática foi completar o lado com Revoredo e Vilchez.
Após um jogo muito parelho, com chances para ambos os lados, vimos um tal de Carrillo dar o jogo com um gol contra para os chilenos.

O melhor futebol da Copa América ainda é chileno, por ser o mais consistente, com toques verticais, movimentação dos “wingers”, conjunto equilibrado. Os argentinos fizeram a melhor exibição da Copa América, verdade sim. Falta, apenas, tornar a Argentina uma ameaça real, consolidando o bom futebol. Consolidando Messi também.

Os chilenos, então, mereceram. Sabendo, porém, que ambas as equipes tiveram duas chances ótimas para dar um passo à frente e seguir como primeiro do grupo.

Voltando para a ideia central, merecimento e justiça estão, para mim, distantes no futebol.
E o Chile saiu como líder de seu grupo, e é a melhor equipe da primeira fase da Copa América. Veremos se o time de Borghi seguirá pela frente e deixará de ser mais um coadjuvante de figurões como Argentina, Brasil e Uruguai, passando para, finalmente, uma campeã protagonista. Esperemos pra ver até o final de semana.

Por: Felipe Saturnino

08/07/2011

Copa América IX – Uruguai 1 x 1 Chile: Equipe chilena joga melhor e Uruguai declara defeito

O Chile, reeditado por Borghi, tem quase a mesma forma e disposição tática que a do antecessor ‘Loco Bielsa’. Uma equipe que se baseia em toque de bola vertical, com movimentação de laterais e a presença de Alexis Sánchez, ótimo atacante da Udinese, que é pretendido pelo Barcelona. A equipe intimida um pouco. De fato é boa. Jogaram num 3-4-1-2 diante o México, e tivera vencido a equipe adversária. No jogo contra o Uruguai, porém, esperava que o Chile caísse, perdesse diante uma equipe que tem tudo – ou tinha – para ganhar, e não para demonstrar o que brevemente descreverei nas linhas abaixo.

O jogo de hoje foi muito bom, na realidade, o melhor que vi em uma pobre e carente Copa América. O Uruguai, com Forlán, Cavani e Suárez, intimida, e muito seus adversários. O meio-de-campo deixa a desejar – por ora. O Chile foi com um esquema um pouco distinto. Borghi usufruiu do 3-4-2-1, com Jiménez no lugar de Fernández e Sánchez atuando na linha de dois jogadores. Assim sendo, Suazo cumpriria a função de acordo com a ordem expressa por Claudio Borghi.

Eu diria que, naturalmente e, estranhamente, o Chile dominou as ações do jogo, sempre, sempre. Quando perdeu o rumo, Sánchez tratou de colocar o Chile de volta no caminho. Logo quando o Uruguai estava um pouco superior no jogo.
Muito do domínio das ações se dá pelo choque tático que um esquema de três zagueiros sofre quando atua diante um esquema mais “tradicional”, como o Uruguai. O Chile, claramente, levava vantagem no meio-de-campo, com praticamente 4 jogadores, diante os três uruguaios – o Uruguai jogava em um 4-3-3. Ainda havia uma ajuda de Sánchez e Jimenez, ou seja, somavam-se seis. Todavia, há de se citar que, por contraponto, no combate homem-a-homem, o Uruguai levava vantagem, por três atacantes conflitarem com três zagueiros – em tese, claro.

Um pouco disso aconteceu – o Chile tomou conta do Uruguai. O confronto direto, não. Quando ficou mais claro, o Uruguai tratou de fazer o gol. Mas, o Chile mostrou-se mais time no entrave. O domínio merecia uma vitória aos chilenos. O Uruguai, muito pelo fato de atuar com um meio-de-campo em que Forlán é o vértice, que chega mais ao ataque, pouco produziu. As linhas uruguaias, há de citar, também estavam distantes uma das outras. Muito pelo fato de a linha de quatro chilena se sobrepôr ao Uruguai. Mais uma, tem de se falar: Forlán não tem jogado bem. Quando volta para buscar jogo, seu futebol tem se mostrado pouco efetivo. Talvez seja passageiro. Afinal, o melhor da Copa do Mundo tem sempre algo mais, algo mais para provar, algo mais para jogar. E também tem de se falar que o dianteiro Cavani, fundamental no Napoli para a classificação à Champions League, vem fazendo jogos horrorosos. Outro que pode e deve provar mais ao longo do tempo.

Sánchez - chileno é o homem do jogo


Borghi, técnico do Chile, na segunda etapa, mostrou um pouco de sua ousadia: sacou um zagueiro para entrada de Valdívia – que foi importante no lance do gol chileno e no funcionamento do meio-de-campo. Colocou ainda Paredes no lugar de Suazo e recuou Vidal ao lugar do zagueiro descartado, Jara. Com isso, o Chile terminou o jogo em um tipo de 3-3-3-1, com Paredes ao ataque, antecedido por Sánchez, Valdívia e Jimenez. O Uruguai terminou em um 4-3-1-2, com Forlán e Suárez no ataque; Alvaro González entrou para compensar a falta de um meia que atuasse na posição com efetividade. Lodeiro também entrou em momentos finais do confronto, que deixou clara a deficiência uruguaia – a falta de criatividade, com Forlán jogando pela frente e voltando para buscar jogo sem muita eficiência – e claro o melhor futebol da Copa América que, por ora, é chileno. Pode não ter vencido, mas jogou com superioridade e foi melhor que um Uruguai confuso em campo.

Por: Felipe Saturnino

05/07/2011

Copa América VI – Chile 2 x 1 México: Justo!

O Chile de Bielsa se manteve intacto. Quer dizer, quase. Mudou um pouco. Hoje, aliás, não é mais de El Loco. É de Claudio Borghi. Que não perde os méritos de manter a mesma estrutura do Chile que foi até as oitavas na Copa do Mundo.

E o Chile de Claudio Borghi, mantendo a ideia de Bielsa – com alguma diferença – venceu o México em um jogo de ineficácia na primeira etapa e oportunidade na segunda.
Mesmo tendo perdido chances na etapa inicial, o Chile começou bem. Monopolizou as ações por movimentação de laterais – Isla pela direita -, toques rápido, sendo incisivo. Parou um pouco nisso. Aliás, há de se citar que a seleção chilena teve chance de abrir o placar: Sánchez perdeu o gol. Tudo isso proporcionado pela superioridade do Chile jogando contra um México muito pouco apurado. Pois é. Deu-se que o gol não saiu.

Foi o México abriu o marcador, no fim da primeira etapa. Armado praticamente com 5 zagueiros intactos e que atuavam contra um bom ataque chileno, – ineficaz, tem de se falar – o time mexicano levou de vencida a primeira etapa. O Chile, armado no 3-5-2, reeditando um pouco das ideias de Bielsa – mudando que o 3-3-1-3 de Bielsa hoje muda para uma linha de quatro jogadores na faixa intermediária do Chile – pressionou no primeiro tempo, pecou por, após perder chances de gol, não conseguir furar a defesa mexicana. Matías Fernández, um compositor da linha de 5 no meio-de-campo, não fez lá das melhores etapas. A pendência de gol não poderia ser creditada a este homem, mas sim ao abuso de erros de passes chilenos – mesmo sabendo que Fernández fez oito passes errados dos 42 totais do Chile. Mas o Chile era melhor.
E era mais time. Não por falta de chances, estava perdendo o jogo. Virou na segunda etapa, com um gol de Paredes – entrando no lugar de Beasejour – e outro de Vidal. Ambos surgiram de bola parada, mais precisamente escanteio.

Justiça feita, o Chile venceu pois é mais time que o México. Certamente. Teve algumas dificuldades na primeira etapa, abusando de alguns erros e por um jogo médio de Fernández. O México também se aproveitou para fechar-se. Na segunda etapa, não faltou eficácia. Paredes deixou sua marca e Vidal também. E Bielsa, hoje não mais treinador do Chile, ainda deixa sua marca no esquema idealizado pelo mesmo.

Uruguai 1 x 1 Peru — Mais um favorito que começa a Copa América de um jeito inconvincente. O Uruguai sofreu o primeiro gol após contragolpe e erro da própria defesa. A equipe ainda edita o 4-3-3, ou 4-3-1-2 que deu certo na Copa do Mundo. Suárez fez o gol de empate. Forlán fez um jogo abaixo do que pode. O Peru jogou num 4-1-4-1, e mereceu o empate pelo que fez. Soube explorar algumas jogadas e ainda teve chance de gol no 1º tempo. Ao Uruguai, resta enfrentar um Chile que saiu vitorioso com justiça diante o México.

Por: Felipe Saturnino