Archive for ‘Real Madrid’

20/12/2012

Matar ou morrer

O sorteio para as oitavas da Champions é por si só um espetáculo.

Quando então ficou decretado que Real e United se cruzariam numa das partidas, sim, tudo tornou-se mais espetacular ainda. Eles jogarão por um torneio europeu após 9 anos, já que o último confronto ocorreu em 2003, também pela Liga, mas na ocasião o embate era pelas quartas. O tempo é distante, pois a equipe inglesa ainda tinha David Beckham e Ronaldo disputava sua primeira temporada pelos merengues. A classificação dos maiores vencedores da Europa veio após um revés por 4 a 3 em Old Trafford.

E o jogo que está por vir promete tanto quanto qualquer outro gigantesco confronto que já presenciamos antes. Por mais que a equipe de José Mourinho esteja em crise forte – definitivamente a maior que já teve por lá, uma das maiores da sua carreira – e o United lidere a Premier League – é só perguntar a Ferguson se ele gostaria de pegar de cara no mata-mata a equipe eneacampeã continental. Ninguém quer. Mas foi mesmo o próprio Real Madrid que se colocou em tanto perigo, além obviamente do tremendo Borussia Dortmund, que apesar de estar 12 pontos atrás do líder Bayern na Bundesliga, levou o grupo D da Champions League com mão forte, não perdendo jogo algum para a esquadra de Mourinho. E aí os espanhóis se colocaram no pote 2.

Se fossem tempos atrás, aliás, o Madrid decerto seria favorito. E também o seria por jogar a primeira partida em casa, onde na temporada passada padeceu apenas por uma vez, na derrota para o arquirrival catalão nos 3 a 1 de 10 de dezembro – a eliminação da UCL, afinal, veio nos pênaltis e não com revés no tempo normal. O Bernabeu não é uma tão grande arma dessa vez para os blancos. Mas a equipe de Mou tem nomes estratosféricos que assustam a todos, até mesmo aos líderes do nacional inglês. A questão pontual é que, se o Madrid de fato se acertar, ao menos para um jogo, pode derrotar o United pelo menos na primeira metade do confronto. Em Old Trafford, o Manchester virá babando e será favorito.
Ainda que conturbado o ambiente madridista, com Mou e Florentino Pérez se enfrentando internamente, e com o apoio dos jogadores ao técnico perdendo força, tanto pelas declarações que Mou concede à imprensa espanhola como pelo que deve fazer dentro de seu grupo, o Real Madrid tem algumas chances de jogar muito e derrotar o time de Sir Alex. Mas é delicado pensar como jogar tanto numa única partida apenas após uma temporada até agora excepcionalmente decepcionante. Talvez Cristiano Ronaldo possa se inspirar em Trafford. Ou talvez possa selar o destino madridista para o inferno. Pois, após algum tempo, a equipe não apresenta perspectiva para a temporada, e se for eliminada nessa etapa da Liga, deve muito bem rastejar por uma vaga na Champions da temporada seguinte, e só – o Madrid está 13 pontos atrás do Barça, e isso deixa quase impossível o bicampeonato de La Liga.

Passando ao lado vermelho, protagonismo do confronto pode ser para a dupla Wayne Rooney-van Persie, que tem funcionado esplendorosamente. Com o holandês em forma, a preocupação de Mou em marcá-lo será ainda maior do que o normal, além do mais para uma defesa tão insegura como se apresenta a do Real Madrid. Para Cristiano Ronaldo, é o reencontro com a equipe que lhe consagrou, lhe deu as maiores vitórias de sua carreira e o maior sucesso como futebolista com a conquista de 2008 do prêmio de melhor do mundo.

Aliás, certamente para os madridistas o jogo vale mais. Por mais que Mourinho não continue no comando da equipe para a temporada 2013/14, o que vale é a chance de seu terceiro título da Liga, e também a dignidade para uma temporada até agora que representa apenas o perfeito fracasso. Para o Real Madrid, muito mais do que para o United, o jogo vale a vida, o vigor da temporada, ainda que uma eliminação da Champions seja muito doída para qualquer clube – e isso para o Manchester afetaria significativamente a confiança do time. Se qualquer um dos times pode morrer nessa oitava, morrer tem um significado altamente mais comprometedor para os merengues. Afinal, do jeito que as coisas estão pelo lado do reino de Madrid, nem mesmo se sabe se Mou continua até o embate com os Devils, que ocorrerá em fevereiro.

Mas por si só esse jogo é um espetáculo.

Mou – logo após ver o resultado do sorteio

14/09/2012

Ironia

As novelas de Ganso e Palmeiras, que possuem tom de suspense e drama, respectivamente, chamam muito a atenção pelo que já sabemos que representam. PH (ainda) é tido como um dos melhores meias de seu tempo, apesar de há algum não jogar nem próximo do que é considerado razoável. Ganso tornou-se um ilustre coadjuvante no decorrer de seu tempo como santista, e fica no plano secundário, atualmente. Neymar é o absoluto protagonista.

E o Palmeiras todos sabem do que se trata.

O irônico não é aquilo sobre Paulo Henrique, e nem isso sobre o possível – quem sabe até mesmo provável – rebaixamento palmeirense. É mais a respeito da polêmica que Cristiano Ronaldo conseguiu criar no meio madridista – que apesar da ótima conquista sobre os barcelonistas pela Supercopa da Espanha, não vem bem no campeonato nacional – em que se fez dito estar triste no segundo melhor time do mundo. E não é ironia o craque português, com todos seus atributos – e tributos (vide impostos) -, estar infeliz no Real?

Ronaldo recebe milhões de euros por temporada, faz milhares de gols por ano, e não é o melhor do mundo por um detalhe, somente um detalhe: Messi. O melhor europeu, ao menos para UEFA, porém, é Andrés Iniesta – outro blaugrana. O 7 merengue sofre – por alguma razão inexplicável, indetectável e, assim, inquestionável por sua existência – e com isso aparentemente mordendo o âmago absoluto, internamente, ele expõe, explicita o problema; ou a (muita) vaidade é tanta para tornar qualquer coisa uma grande coisa?

O conterrâneo Zé Mourinho já adorou a ideia de tê-lo triste e jogando bem assim, como quase sempre Cristiano faz. De fato, ele acha que está de excelente tamanho, Ronaldo, triste como se caracteriza, jogar tanto quanto joga. O avante português, que no Real serve como um saudoso ponta-esquerda – que é o que um 4-2-3-1 atribui a posição do setor de Cristiano -, não está de saída de Madri. Não é o que parece pela situação atual – apesar de existirem rumores de um pedido por sua parte.

Ronaldo pode estar muito bem milongando por algo bem menos prezável e aceitável. E certamente Mou sabe do que se trata. E se foi com ele mesmo, ele parece tentar fazer pouco caso do grande caso. Ácido, Mourinho deu de ombros para o que Cristiano sente atualmente. Mais que qualquer um, ele já adere aos problemas de relacionamento com Kaká – como o El País pôde notificar há algum tempo -, e agora mais essa questão com seu maior jogador pode ser tudo, menos uma boa coisa. E, melhor que qualquer um, ele sabe o quanto isso pode prejudicar o andamento do bom mas ainda incompleto trabalho no Real.

Incompleto pela óbvia falta da Liga dos Campeões, tão sonhada por ele, pelo clube e, claro, pelo dono da história toda que motivou a polêmica toda, Cristiano Ronaldo. Pois, quiçá, isso lhe dê a Bola de Ouro da FIFA – numa hipótese completamente válida, apesar de um tanto quanto distante pelo que o argentino Leo joga. Na última temporada, eles chegaram perto após a semifinal do Bernabeu com o Bayern – e CR7 saiu bem da Champions, batendo aquele penal premiado por Neuer.

Ironias deixadas de lado – e em ironias quero deixar fora desse conjunto repleto de subconjuntos, especificamente, a possibilidade de Ronaldo ser melhor do mundo pela segunda vez, desbancando Messi pelo menos mais uma vez -, o que o melhor português do mundo clarifica na situação é mais uma insatisfação, por algo ainda inexplicável, mais ainda incompreensível – como tal consequência -, porém, ainda assim, inquestionável, pelo que sabemos que não é.

Mas, pela figura arrogante, às vezes desprezível, ainda assim, apreciável pelo futebol apresentado em todos seus anos – e também por toda essa personalidade não muito gostável em momentos -, notamos que Cristiano pode estar fazendo muito caso do que não é relativamente um grande caso.

Sim, até Mou o ironizou.

Cristiano Ronaldo não sendo polêmico? Aí está uma ironia. Talvez até mesmo um paradoxo. Ou falta de redundância.

Cristiano – triste?

Por: Felipe Saturnino

24/07/2012

Saindo

Kaká pode estar deixando a capital espanhola, definitivamente.

As especulações surgiram dos diários Marca e As – ambos espanhóis, mas especialmente madridistas -, que frisaram uma reunião entre Mou e o médio brasileiro, com as presenças ainda de seu pai, Bosco Leite, que é seu empresário, nas edições de seus jornais. O tom da conversa é que não sabemos o quão duro que foi.

De fato, Mourinho espera que com a venda de Kaká ele tenha budget à suficiência para contratar Luka Modric, meia croata do Tottenham Hotspur, de Londres. O croata é mesmo um tremendo médio, técnico, habilidoso, que qualifica o passe para aquele setor do campo.

Kaká, é bem verdade, atua numa posição mais aguda, incisiva; sua disputa verdadeira é com Özil – um meia de centro que tem lampejos brilhantes, de técnica também apurada, um jogo de menos aceleração que o do brasileiro, mas que funciona perfeitamente no Madrid. O confronto de Kaká é mesmo com Mesut. E nisso ele tem desapontado.

Na última temporada, Mou acenou para uma possibilidade de utilizar dois meias – literais meias de centro de campo – na formatação ideal de seu 4-2-3-1. O time perde Di María, um dos melhores wingers – meia-extremo – do planeta dada essa situação. A opção não durou muito, e o argentino voltou para a equipe.

Aparenta a situação ter aspectos bem objetivos sobre as opções de Kaká, que são tão simples quanto sua alcunha, nesse caso: sair para arrumar espaço em outro clube, visando uma recuperação de terreno no futebol para o tão sonhado regresso à seleção dos Manos. A questão é onde ele pode fazer isso: aí seriam outras escolhas, que, bem verdade isto é, não possuem lá o brilho que um Kaká precisa para ser seduzido. Pelo dinheiro isso é bem provável que ocorra, e me refiro, no caso, apenas aos ricaços da MLS – que ainda assim não passariam perto do maior glamour que o PSG hoje ostenta para atrair os olhares de alguém como Kaká.

O ex-São Paulo já foi melhor do mundo em 2007, o último tupiniquim a conquistar tal feito num mundo que é hoje tão unipolar, a despeito de Messi, e, em ocasiões, bipolar, se Cristiano Ronaldo for posto em prova. Kaká, no seu melhor, talvez somente ele, e bem provavelmente ele, conseguiria bancar os dois, o argentino e o luso companheiro de time, quiçá até desbancá-los. A situação de hoje que o 8 madridista vive é algo absolutamente distinto e destinto – o futuro de Kaká parece sem brilho, sem aquela cor que uma vez já teve; e certamente não terá a mesma cor daquele seu apogeu, quando campeão da Champions League pelo Milan, em 2007.
O que dessa vez atinge Kaká, talvez nunca antes visto com o mesmo, é o realismo que abrange as decisões de seu comandante. Mourinho tomou uma decisão e foi simples, sucinto. Deu-a nas mãos de Kaká. E isso deve ter sido um baque, por ter sentido de perto e ao vivo a possível (provável) descrença de Mou na capacidade do último 10 do Brasil num Mundial.

É essa convicção de desconfiar constantemente de Kaká, progressivamente mais, que o faz cometer esse ‘absurdo’ – se fôssemos ver essa decisão de um ponto de anos atrás, seria um absoluto absurdo – de mandá-lo para longe de Bernabeu. Não o é pois Kaká não conseguiu jogar no Real, fazendo a posição de Mou justificar-se. E isso se deve a uma série de variáveis, algumas mais destacáveis, como a sequência de lesões, por exemplo. E, obviamente, por não ter concretizado uma série consistente de performances como titular dos maiores campeões da Champions.

Nessa posição e o contexto do que é no Real Madrid, Kaká pode pegar a mala com os pertences e mandar um ‘tchau’, que decerto seria um ‘adios’. Com ‘gracias’, pois o rapaz é educado.

Kaká – tchau e bênção

Por: Felipe Saturnino

27/04/2012

As ‘tragédias’, os penais e a despedida

A semana, futebolisticamente, entrou para a história.

E não só por ocorridos tão óbvios por suas grandiosas repercussões – claro que me refiro às penalidades perdidas por Lionel e Cristiano -, e sim por um contexto mais amplo de todos os eventos, todos mesmo.

Os dois penais representam, separadamente, as eliminações dos poderosos Barcelona e Real Madrid. Mas as próprias eliminações do maior torneio do mundo – perdendo ainda para a Copa do Mundo, mas não por tanto quanto se pensa – são relacionadas, de forma única, quando visa-se a figura mor de ambos os clubes. E ambas desapontaram-nos de forma impactante. Mesmo que uma delas tenha feito dois tentos, e ainda que um deles tenha sido gerado partindo do ponto de batida de penal.

Mas Messi e Ronaldo, que já estão presentes na história do esporte e são protagonistas de seus esquadrões, por mais que tudo – e para mais que tudo – protagonizaram – como não poderia deixar de ocorrer – seus respectivos entraves, diante dos azarões ‘Blues’ e dos bávaros. Nada, porém, como o pensado. Foram os fundamentais no enredo por motivos impensáveis, inimagináveis, dignos de vilões da melhor classe. E quando se vêem as batidas de pênaltis, fica claro o ponto aqui defendido.

E o Barcelona, assim como o Real Madrid, obteve a vantagem de dois gols no embate disputado em casa, contra o Chelsea – que é o único não-vencedor da competição entre os quatro semifinalistas. O problema mesmo foi em momentos posteriores ao do segundo gol, momentos brevemente posteriores, aliás: Lampard, em escapada pela direita, deu boa bola para o volante brasileiro Ramires, que teve frieza à suficiência para abater Valdés com um belo gol de cobertura. A vitória barcelonista constituía, agora, uma derrota no agregado.
E o Real Madrid abriu o placar bem cedo – diferentemente da equipe de Josep Guardiola. Di María arriscou, Alaba pôs a grande mão na bola e tudo se seguiu em penal.

Ah, o penal.

Mas aquele, do início do jogo no Santiago Bernabeu, Cristiano converteu. Teve, naquela hora, a eficiência que Messi não teve para bater o ainda excelente Petr Cech. O tão bom, Manuel Neuer, viria a brilhar em momentos mais afunilantes e ainda mais decisivos. Afinal, não tínhamos uma semifinal decidida em prorrogação há algum tempo.

Ronaldo, que é um fenômeno mas não o ‘Fenômeno’, fez mais um para o Madrid, e concedia o poder de passagem à final em Munique ao time de Mourinho, que atuava com seriedade.

Ah, o Pepe.

O beque madridista fez pênalti em Gómez, que convertido foi por Arjen Robber – que deve ter tido uma semana dificílima visto o que foi especulado sobre sua briga com Ribéry.
O Barcelona, com 2 a 1 contado a pró, sofreu com a retração das linhas do Chelsea, que fora adaptado a um 4-4-1 – na verdade, era falso, pois Drogba fazia um trabalho fundamentado na recomposição de setores mais defensivos.

Ah, Fernando Torres.

O jogo em Madrid prosseguiu à beira da tensão prevista, e foi para uma prorrogação tensa de dignidade de Champions League.

Em Barcelona, porém, atentem: Messi cobrará um pênalti. E pode – deveria – dar a classificação aos ‘culés’ para a próxima fase – deveria ter dado, já prevendo o que ocorreu. Atentem, porém, para um fato mais exuberante do que a própria figura do gênio da 10 ‘blaugrana’: Messi já perdeu um penal no ano – dois aliás, mas um no Camp Nou diante o Sevilla. Fixação ocorre mesmo no período posterior à batida de penal do argentino: ele perdeu, pela terceira vez no ano, um pênalti.

Afinal, o argentino é humano. Por mais que custe acreditar. Pois custa, muito. Messi contrasta diversificadamente com sua própria figura, composta por seus magníficos feitos, feitos em tão pouco tempo de forma tão fenomenal, elegante e clássica.

Ah, Cristiano.

Assim como o argentino, o luso é fenomenal. Ah, é humano também – mais que Messi. Ronaldo é menos elegante e clássico, mas é mais explosivo, mais deslumbrado, e, ainda assim, extremamente qualificado tecnicamente.

Ainda assim, é um humano tal qual Messi é, e permite-se, daí, um penal mal batido. Enquanto Lionel tirou muito de Cech, e arrematou com relativa força sua batida, Cristiano, que já havia feito o seu de pênalti, tirou pouco de Neuer, o que não o torna um goleiro de menor excelência que Cech.

Para tornar ainda mais irônico, o maior brilho foi de Fernando Torres (estátua de 50 milhões de libras). O Barcelona tomou um contragolpe que sacramentou sua vida na Copa dos Campeões. O Madrid simplesmente foi inapto à conversão de penais.

Duas noites distintas, que paralelas, são bem comparáveis. Pelo menos da visão dos penais. Contudo, é claro que as noites tiveram outros fatos que elevaram a tensão de ambas equipes, que terminaram suas participações com legítimas tragédias, em Camp Nou e em Santiago Bernabeu.

Por tudo que envolve a rivalidade Barça-Madrid, desde o cunho político avaliado e discutido de forma contínua, tanto quanto o atual, que coloca paralelamente figuras das equipes para rivalizarem, compondo mini-confrontos, a semana ficou para a história por uma talvez esperada, mas ainda assim surpreendente coletiva do reservado Pep Guardiola, que determinou o fim de sua estadia no ainda maior time do mundo.

A figura de Josep, por mais que tudo – e para mais que tudo – era o símbolo da elegância, plasticidade, pacificidade, exuberância e diversos outros aspectos que representavam, justamente, a figura do time do Barcelona fora do campo de trabalho. Esses únicos aspectos que compõem o melhor time do mundo e o treinador são transportados à história e fazem parte dela na história do esporte. E fazem uma grande parte nessa história.

Por todos e a Pep, agradecemos por tudo que nos foi mostrado até o dado momento, de forma tão ímpar quanto o caráter do maior time que vi jogar até hoje.

Pois sim, Guardiola disse adeus aos ‘blaugranas’. Mas ainda mantém o mesmo panorama da sua figura, requentada com todos os aspectos introduzidos à equipe catalã.

Ah, Pep. A semana, futebolisticamente, entrou para a história.

Guardiola - a característica vestimenta

Por: Felipe Saturnino

21/04/2012

A maior vitória do Real de Mourinho

O Real Madrid, e nenhum outro time do planeta, pode se sustentar diante o Barcelona de forma agressiva. Isto é, não pode se atacá-lo. Ou até melhor: não consegue-se atacá-lo.

A ação reativa (contragolpe) é a única arma exuberante do repertório madridista que pode mesmo ‘ferir’ o Barcelona. Mesmo que a qualidade total da equipe da capital deixe esse fato para trás. Pois deixa. E muito. Mas a qualificação para retrair as linhas e sair de forma vertical, em velocidade, é a única coisa que se tem para ‘assustar’ os catalães. O problema é que dificilmente funciona, pois necessita-se de absoluta atenção em todos os instantes do jogo.

Em mais um bom clássico, Madrid e Barça protagonizaram um fato novo nesta história que percorre a temporada europeia, ansiando por um encontro entre ambos na final da Liga dos Campeões, em Munique: a neutralização.

Experimentaram o fato por uma atuação mais do que segura dos volantes Xabi Alonso e Sami Khedira. O time de Mou retraiu as linhas e reduziu o espaço, como é de praxe diante o Barça. Mas hoje tinha um algo a mais que diferenciava esta ocasião das outras, tornando-a exceção. O Madrid se defendeu de forma exímia, e não errou.

Meia verdade: errou, no gol barcelonista, mas é a única menção.

A equipe de Pep Guardiola seguiu sua contínua modificação: 4-3-3, 3-4-3, e até teve linha de quatro no meio-de-campo. Daniel Alves prosseguia na ‘altura’ do campo segundo essas mudanças: fosse 4-3-3, ele viria a ser um ponta-direita. 3-4-3, parte média do campo.

Mas a diferença foi que o Real conseguiu jogar, conter a equipe do Barcelona e contra-atacar. Foi bem-sucedido também no jogo aéreo. O gol de Khedira, aliás, surgiu após cabeçada de Pepe, com uma falha de Valdés – obviamente não tão escandalosa como aquela do jogo do primeiro turno, mas ainda assim uma falha -, o que fez com que o volante alemão constasse no primeiro gol do placar em Camp Nou.

E mesmo com Coentrão, o Real Madrid se virou. O português foi designado para a lateral-esquerda apesar de seus pesares do revés do Bayern na Allianz Arena, na passada terça-feira. Na linha média-ofensiva, o Madrid oferecia Mesut, Angel e Cristiano ao ataque. E um Benzema, em grande forma, partindo para o jogo.
É óbvio que esperávamos que o misto desses grandes talentos, uma hora, poderia vir a nos dar algo de mais significativo contra um dos maiores esquadrões da história do esporte. Mourinho só havia obtido uma vitória dentre os diversos jogos entre os gigantes: aquela na Copa do Rei, no Mestalla.

Todavia, apesar daquele acerto tático do 4-1-4-1 ter representado um triunfo que, por fim, representou o primeiro e único caneco de José no comando do Madrid, hoje a vitória pareceu mais significativa.

As circunstâncias influenciam na avaliação geral. Se aquele jogo foi em campo neutro, isolado, aqui a situação era pró-Barcelona. No inferno que deve ser para o Real Madrid, venceu o time da capital. O 4-2-3-1, apesar da descrença relativa às experiências com o Barça, foi mantido. Coentrão, idem.

O que mudou, até mais do que o princípio tático de redução de espaços, foi a atitude madridista. Foi um jogo muito bem conduzido, sem ‘pressure’ – apesar de ter sido com muita. Mas a pilha natural foi levada, de acordo com o contexto, e compôs a maior vitória do Real Madrid em algum tempo sobre os melhores do mundo – e melhores da história.

Além da neutralização tática, a psicológica auxiliou o Real Madrid a faturar – perdão, a praticamente faturar – o 32º caneco da sua história. Messi não brilhou – fez sua atuação mais tímida em um clássico em algum tempo. Dessa vez, o segundo melhor do mundo o fez. E neutralizou o maior rival dois minutos após o empate, com um belo gol após a ótima bola de Özil. O tento que veríamos que, ao final, constataria a primeira vitória do Real de Mourinho no Camp Nou. Provavelmente a maior, por todo seu contexto.

Cristiano - mostrando que há vezes em que o segundo melhor pode ser melhor que o primeiro

Por: Felipe Saturnino

19/02/2012

(Des)Confiando

O Real Madrid é virtual campeão espanhol. 10 pontos de vantagem sobre o Barça lhe deram o privilégio de controlar o topo da tabela como bem quis, e agora o primeiro caneco do campeonato nacional para o time forte de Madrid em três temporadas está ficando mais visível.

O Barcelona, porém, ainda é o melhor time do mundo. Por isso que é favorito na Champions League. Mas, a figura mudou um pouco.

Mudou pois o segundo melhor time do mundo, pela primeira vez consistente, consegue ameaçar o reinado da equipe da Catalunha. Consegue pois começa isso no campeonato espanhol – marca que vigora nas conquistas de Pep Guardiola com o Barcelona desde o início de seu comando, no ano de 2008. A hegemonia nacional deverá ter um fim após algum tempo, porém, a questão abrange diversos polos de discussão para a sucessão de trono do melhor time da Europa. Parcialmente, pelo menos.

Em dezembro, Mourinho falhou e, como aqui num post foi descrito posteriormente, ficou sem reação no momento que conflitava com o Barcelona em Bernabeu. O jogo encerrou-se na contagem de 3 a 1, com mais uma decepção para os madridistas.

Fica claro, se já não era óbvio, que a conquista do espanhol não representa uma satisfação total por parte dos madridistas. É preciso fazer mais, porque a rivalidade Real Madrid-Barcelona envolve muita dignidade e autoestima. Até por isso, com algumas cogitações devidamente borbulhadas, José Mourinho não deve permanecer no Real nesta temporada – ainda que conquiste o espanhol.

A figura muda novamente quando falamos de vitória em Champions League, pois se Mou conseguir vencer a competição pela terceira vez em toda sua carreira, ele pode, sim, ficar. O problema seria encarar o Barcelona por mais algumas vezes na carreira, e continuar sofrendo constantemente com isso, apesar de ser o único que realmente incomoda o poderoso esquadrão de Guardiola.

Dentre todas as dúvidas, o Real Madrid está simplesmente impecável, e, sem se arrepender de dizê-lo – mas podendo se arrepender depois -, está no primor de seu jogo em algum tempo. A equipe não tem fraquezas – como nunca teve – e joga bem com consistência, trucidando rivais, mesmo que sejam pequenos, em momentos, apenas. A liderança consta de 61 pontos e 79 gols, tendo sofrido 21. Então, o ‘clash’ entre os maiores do mundo pode ocorrer em estágios mais avançados da competição da Copa do Campeões, para decidirmos se o Barça manterá mesmo a coroa.

Os dois serão favoritos a chegarem às finais do torneio, indubitavelmente.

Assim como é sem dúvida que a confiança do Real Madrid está lá em cima. Com o espanhol praticamente ganho, a única dúvida vai ser em quanto a equipe pode chegar com pilha para o jogo contra o Barcelona no Camp Nou, para o returno. Aí sim, poderemos ter uma decisão prévia da temporada de ambos os times.

No nível dos melhores do mundo, a impressão é de definição por termos um dos melhores times da história do jogo em atividade e indefinição se o time de Mourinho pode detê-lo. Com a confiança – e desconfiança, ao mesmo tempo – que tem-se, o Madrid pode fazê-lo. Questão debatível mesmo é quanto significa vencer o espanhol para apenas realçar uma campanha que pode quebrar nas mãos barcelonistas, mais uma vez. Confiando e desconfiando, indo e vindo, os melhores do mundo vão se encontrar mais algumas vezes este ano. A coroa pode mudar de mãos, pelo menos parcialmente. E vai ser a última chance de Mourinho em Madrid. Ou melhor, desconfio que será.

Cristiano e Real Madrid - viajando na confiança e sendo desconfiados

Por: Felipe Saturnino

30/12/2011

O feio e o ano novo

Mesut Özil é um tremendo meio-campista: inteligente, técnico, sutil e eficiente na função. Ótimo jogador para se ter para quando precisa-se de um cara que pense seu jogo.

Agora, algo que o alemão não é muito popular se refere à beleza natural. Sem ofensas Mesut, entenda com inteligência – como faz dentro de campo. Aliás, se querem tomar um partido sobre o caso, pesquisem aí alguma imagem do 10 madridista.

E a piada que circula por aí é a do ‘filho feio’ de Mou, o próprio Özil, que considera o técnico português um ‘pai’ para si próprio. Talvez reflita a qualidade do lusitano em reunir um grupo e formar um time, coisas que Mourinho faz com maestria em sua trajetória no futebol.

A declaração do alemão transformou-se em piada de forma instantânea entre os jogadores do Madrid, que falaram que o português Mou nunca ‘teria um filho tão feio como Özil’. Bem possível. (Aliás, se vocês estão com a imagem aberta, balancem a cabeça de baixo para cima, concordando com o que foi falado pelos madridistas.)

E talvez a não-beleza de Özil possa ser analogada com a feiura de Mourinho nos jogos contra o maior rival dos merengues. E o ano novo, como sabemos, terá que ser dele para ser do Madrid. Talvez com a mesma finalidade da brincadeira dos jogadores do Real sobre o alemão possa se levar um jogo diante os blaugranas com a tranquilidade e sem a pilha que se tem tido para jogar com os melhores do mundo.

Pois, se a dada feiura de Özil não tem solução, assim como outras feiuras, quaisquer que sejam, vencer o Barcelona também não possui uma por ora, ou, pelo menos, não aparenta se ter uma. Neste caso, excepcionalmente, Mourinho terá de abater a sua diante o Barça, já que deixar Özil mais bonito não vai facilitar o jogo, tampouco funcionará na comparação aqui feita.

A resposta para a questão mor da carreira de José Mourinho até os tempos atuais, de fato, teremos no ano novo.

Mou - 'pai' de um feio e tratando a sua feiura diante o Barça para o ano novo

O blog volta dia 7. Bom ano novo para vocês, sem casos de ‘Özils’ – isto é, sem feiuras.

Por: Felipe Saturnino

13/12/2011

Reação

O jogo Real Madrid x Barcelona ainda possui mais questões do que apenas aquelas discutidas aqui, há dois dias atrás.

O que me ocorreu hoje foi que, se tivesse percebido com um pouco mais de sagacidade e malícia, Mourinho poderia ter interferido mais no resultado do que como aconteceu.

O mais impactante pra mim, porém, é que o português é um homem com resposta para (quase) tudo na questão tática do jogo. Por isso, aliás, está no lugar que está. Ainda assim, ficou sem resposta no entrave diante o Barça.

A questão tática fica muito centrada no mover das peças do lado esquerdo da defesa de Mou. Daniel Alves não avançou com o intuito de combater Marcelo – e assim bloquear uma saída do Real -, mas sim somente para agredir aquele lado. Com isso, a vantagem começou. As movimentações de Messi tornaram-se mais previsíveis, ao ponto que este se tornava mais estático no lado direito do ataque catalão, minando o número 12 brasileiro dos merengues. Assim, o 3-4-3 do Barcelona começava a reinar no Bernabeu. E reinou – como sabemos.
Neste caso, Mourinho tinha a opção de puxar Coentrão para a lateral-esquerda, trazer Lass para a direita e fazer com que Marcelo trabalhasse num ponto mais médio do campo. Não importa se Messi não teria tanta companhia assim, mas sim permanece o porquê de uma impossível mexida do técnico madridista.

E a questão apenas fez-me refletir hoje.

Pois, acima de tudo, José sabia que tinha de fazer um outro algo, uma coisa diferente. Impotência e timidez para modificar um time não condizem com sua condição de um técnico tão bem avaliado. Foi algo contrastante com sua personalidade. Mas também foi algo impensável para ele. Afinal, é Mourinho.

Mou - sem reação

Por: Felipe Saturnino

11/12/2011

Aulinha

Sabe quando teu irmão mais velho te dá aquele legítimo show no playstation? Ou quando você engole aquela ‘lambreta’ na sinuca, perdendo pro seu padrinho? Ou até mesmo quando você toma aquele baile daquele cara da sua sala que você tenta marcar mas não consegue de jeito nenhum? Pois é, isto chama-se aulinha.

A aulinha, isto mesmo. Aquela coisa que você aprende da pior forma. Até mesmo quando está mais preparado. A aulinha é uma humilhação, é como um deboche. Te marca.

O melhor time do mundo – certamente o melhor da década -, o Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta, foi à Madrid, como todos sabemos. O clássico é o de maior repercussão mundial no momento, dado que a rivalidade transcende o futebol propriamente dito. Passa por questões ideológicas. Mas, permanecendo no futebol, apenas nisto, temos os dois melhores do mundo centrados nas duas equipes da Espanha: Leo Messi e Cristiano.

A surpresa de Guardiola poderia ser o 3-4-3, que foi utilizado nas duas partidas contra o Milan pela Champions League. Na primeira, a equipe sofreu com as roubadas de bola executadas pelo time italiano, dado o fato que o Barcelona começou o jogo praticamente perdendo. Além do mais, a equipe milanesa tinha um ‘1’ no meio-campo que auxiliava a sobra dos meias e também a marcação do 10 blaugrana, Messi. O jogo terminou empatado em 2 a 2.

Naquele jogo, porém, o time foi mais 3-4-3 do que 4-3-3. E, observando de forma mais crítica e mais cuidadosa, constata-se que foi mais uma formação com disposição de 3 homens do que 4. No entrave do Bernabeu de hoje, Guardiola mostrou todas as suas armas.

As formações no momento do empate; já é possível ver Dani Alves evoluindo na direita

Princípio

Após muita especulação, Mourinho optou por um 4-2-3-1 ortodoxo, o mesmo que há tempos vinha executando no Real Madrid – porém sem a mesma regularidade nos jogos contra o Barça. Mesut Özil iniciou o embate centralizado, tentando incomodar Busquets, fazendo-o marcar e ser marcado. Enquanto isso, Xavi e Fábregas atuavam no Barça ‘colados’ em Lass Diarra e Xabi Alonso. Ou melhor, Lass e Xabi colados nos blaugranas. Porém, uma outra questão era a marcação de Messi. Mais que tudo, a princípio, o Real Madrid não optava por algo tão ‘privado’ ao argentino. Isto é, a marcação era por zona. Lionel não estava tão funcional no início do jogo, dado que, apesar de flutuar pelo campo, o Madrid conseguia interceptar as ações do Barcelona, a ponto de fazê-los pressionados e sem espaços para evoluírem à Messi. Por esta pressão nasceu o gol primordial do embate: Valdés tocou mal, a bola foi para Di María que tentou inverter para Benzema, algo que não conseguiu; a bola sobrou para Özil, que chutou e, por fim do enredo do lance, o chute final foi de Benzema, após bola espirrada do chute do alemão.
Na mesma medida em que a pressão diminuía, paulatinamente, o Barça tomando conta do jogo ia. Mesmo assim, o Madrid podia usar o contragolpe: Cristiano Ronaldo teve uma chance perigosa para gol, mas chutou longe, num lance em que Benzema antecipou Piqué.

Mudança no Barça

Apesar de uma dúvida expressada, Guardiola sabia que a surpresa poderia confundir o Real. Ainda mais se fosse acompanhada por uma série de modificações táticas complexas.
Messi flutuava no comando do ataque em minutos iniciais, porém, quando a pressão madridista começou a cessar, o argentino estabeleceu-se na primeira etapa num lugar conhecido: o centro do ataque. Daquele lugar, Messi viveu seus melhores momentos na carreira. Com Fábregas e Iniesta, respectivamente como meia e ponta-esquerda, escalados, e ainda Sánchez, isso daria ao argentino ainda mais possibilidades de trocas do que o usual, dadas as tamanhas funcionalidades dos jogadores. Iniesta, como ponta-esquerda, jogava sobre Coentrão; Cesc, com Lass, e Xavi com Alonso.

Barça no 3-4-3, encaixotando o rival


Porém, eram perceptíveis em alguns momentos as mudanças que Fábregas proporcionavam ao Barça; o ex-Arsenal poderia sair do meio-campo e se infiltrar, algo que Xavi e Iniesta fazem de forma menos frequente. Mais importante que isso, porém, foi o avanço de Daniel Alves na lateral-direita para a ala-direita. O 3-4-3 traçava-se.
Aos 26, Messi, ainda não centroavante ‘mentiroso’, pega a bola. E, desfilando sua magistral classe por gramas madridistas, passa por um, dois, três. Paremos: Sánchez infiltra-se, vira o centroavante, porém, desta vista, Sánchez originalmente é um jogador periférico, e não central. O truque catalão começa. Mourinho e o Madrid começam a ser mortos.
O Barcelona inicia o seu domínio, a sua superioridade, mais do que pela técnica, mas também pela tática. Visto que Daniel Alves avançou, o Barça obtinha vantagem numa linha de meio-campo; assim, o Madrid ficava mais suscetível ao time catalão que, novamente, era favorito ao ‘Clásico’. Aliás, é possível perceber o incômodo de Daniel Alves sobre Marcelo, já que o canhoto não se portava bem em campo. Com tamanha pressão sobre suas costas, o show barcelonista se iniciava.

Virada e zona ‘Messi’

O segundo tempo começou com gol de Xavi aos 7. O Barcelona simplesmente não deixou o Madrid jogar nestes iniciais minutos. A vantagem do Barcelona taticamente era muito considerável, e tecnicamente os catalães são inalcançáveis. Por isto, no confronto, o quesito tático é tão preciso assim.
Agora, Lassana Diarra ficava mais preso à Messi, já que este, agora, posicionava-se mais à direita no Bernabeu: o 3-4-3 existia, mas com as crescentes infiltrações de Fàbregas e também com o trabalho de Iniesta que triturava Coentrão em uma atuação pobre do português – apesar do show do Barcelona; sem falar de Dani Alves, que jogava sobre Marcelo e que deu o passe pro fim da ‘AULA’ do Barça, com gol do ótimo Francesc Fábregas. Neste momento, Mourinho já fazia com que Khedira, no lugar de Lass, agredisse um pouco mais à frente o Barça, tentando auxiliar Coentrão no trabalho com Iniesta também; Xabi Alonso, no lado esquerdo do meio-campo central, ocuparia partes da zona ‘Messi’. Neste ponto, a fatura estava liquidada. Quer dizer, tivera Ronaldo feito aquele tento de cabeça – aos 19 – que a história seria distinta; não foi.

O jogo, então, nos dá mais algumas constatações:

Messi atuou em diferentes posições, em diferentes pontos do campo. Hoje, uma marcação ‘privada’ sobre o argentino é desnecessária, ou melhor, é maluquice.

Guardiola mostrou o que sabe sobre táticas: fez seu Barça modificar o 4-3-3 até o 3-4-3 que consolidou a vitória sobre o Madrid, por 3 a 1.

Daniel Alves é o melhor lateral-direito do mundo: versátil seu trabalho como ala, ofensivamente destruidor hoje.

E, ainda: o Real é fantástico, mas o Barça é de outro universo.

Barça - lecionando e mostrando que é de outro lugar

Por: Felipe Saturnino

27/10/2011

Real de Mourinho é mais agressivo do que ano passado

Os times de José Mourinho, reconhecidamente por ele, são notáveis em segundas temporadas. Porém, isso não o impede de ter uma boa temporada, e uma segunda temporada de apenas alguns “aprimoramentos“.

O Real Madrid mantém seu esquema, seu desenho predominante, as movimentações ofensivas e o trabalho defensivo. O que ocorre mesmo é que, com o passar do tempo, a equipe assimila mais o trabalho, se adapta ao 4-2-3-1 e executa as funções com mais naturalidade nos jogos. Com isso, o time agride mais, é mais incisivo e, apesar de Mou simpatizar-se pelo contragolpe, a equipe madridista tem sido fatal em seus jogos por causa da sua ofensividade.

As movimentações do Real na última quarta, diante o Villareal

Avaliemos os últimos dois embates da Liga dos Campeões e os últimos dois jogos do Campeonato Espanhol: a equipe de Mou marcou 14 vezes, e não sofreu gol algum. Tem tido mais posse de bola média do que no ano anterior. Contra Málaga e Villareal, respectivamente, 56% e 66%.

Desde o setor mais defensivo, dos volantes, funções exercidas por Xabi Alonso e Khedira, com o alemão mais agressivo; Di María recompondo e marcando muito forte pelo lado destro, com Kaká articulando e Cristiano e Benzema concluindo as jogadas, um na extrema-esquerda e Karim Benzema na posição de avante central. Com todos os atributos, o Real Madrid de Mourinho tem aniquilado seus adversários com câmara de gás: rapidamente. Sem piedade. Na última quarta-feira, em 10 minutos, a equipe havia criado 5 chances, com dois gols anotados – por Benzema e Kaká – e um tento anulado, de Sergio Ramos.

Na Champions, diante o Lyon, a equipe de Mourinho foi soberana em todo o tempo. 62% da bola em seus pés, e 4 gols a nenhum.

O trabalho da linha dos três meias ofensivos, sendo esses Di María, Kaká e C. Ronaldo, em relação ao jogo diante o Villareal, só não foi perfeito pois Cristiano fez um jogo muito abaixo da sua real capacidade. E, apesar do Villareal centrar em Borja Valero, o bom volante-meia, a responsabilidade de marcar Kaká, o meia brasileiro foi articulador primoroso. E o dono do jogo, Di María, está cada vez mais aplicado ao estilo do Madrid que é mais agressivo a cada dia que passa.

Um espetáculo a cada jogo. Porém, equipe da capital tem de estar preparada para agredir o todo poderoso da Catalunha, azulgrana. E esse time de Mou é cada vez mais incisivo, e cada vez mais é o dominante numa partida. Posse de bola absurda, muitas finalizações – 26 no alvo, mediando mais de 6 chutes no gol nos últimos 4 jogos – e atuações cada vez mais primorosas do seu trio de meias. Pode ser o ano dos madridistas.

Por: Felipe Saturnino